terça-feira, 14 de julho de 2009

MEMORIAL

Nossa... quanto tempo faz...mas recordo de alguns momentos....Era Uma Vez.............
Como meus avós eram professores, fiz o pré-escolar numa época em que poucos tinham esta oportunidade. Mesmo assim, ficou a sensação de um pré-escolar cruel, pois todos sentavam em carteiras enfileiradas e enormes, os pés ficavam balançando no ar, pois não alcançavam o chão. Infelizmente eram poucas as histórias contadas, mas em casa tinha a oportunidade de viver este mundo imaginário, de fadas e princesas com os clássicos infantis e histórias narradas em disco de vinil, que ganhava de presente e escutava na radiola do meu avô.
Quando entrei no 1° ano do primário – colégio de freiras – a alfabetização foi sofrida. Lembro que a professora nos apresentava a cada semana um cartaz com um texto de 05 à 08 linhas, e tínhamos que decorar a leitura e a escrita do mesmo. A hora do ditado era um pânico, pois não entendia o que estava escrevendo e lendo, não tinha sentido para mim. Mas ficou na recordação as gravuras dos cartazes com os personagens Marcelo, Regina, um cachorro, um cavalo (não lembro o nome deles) e as belas paisagens onde as histórias aconteciam. Depois desta fase a professora foi desvendando conosco de forma tradicional as vogais, as consoantes e as sílabas e no final do ano estava alfabetizada. No primário sempre era escolhida para fazer leituras nas apresentações festivas e minhas redações eram escolhidas para serem publicadas na coluna infantil do Jornal de Santa Catarina e também apresentadas no programa infantil da antiga TV Coligadas de Blumenau. Na escola tinha contato apenas com os textos dos livros de Língua Portuguesa e em casa continuava no mundo imaginário de fadas e princesas dos livros infantis e fábulas. Ao ingressar no ginásio, durante os 04 anos, a professora de Língua Portuguesa explorava leitura e interpretação de texto do livro que tínhamos, a gramática e uma vez por semana fazia uma redação com título definido por ela.....ficou perdido o mundo imaginário dos livros. Nesta fase lembro ter lido por conta própria apenas O Pequeno Príncipe, Pollyana Menina e Pollyana Moça.
Lembram que no início registrei que meus avós eram professores? No 2° grau cursei magistério. Será que foi influência deles?....E foi neste período que ficamos conhecendo a biblioteca do colégio. O colégio era grande, a biblioteca se localizava no 3° andar e como não havia incentivo para leitura, poucos alunos sabiam da sua existência. Quando entrei pela 1° vez na biblioteca levei um susto, era um salão, repleto de estantes, mesas redondas com lustres acima delas e pasmem tinha uma bibliotecária. E entramos no mundo de Machado de Assis, Eça de Queirós, Monteiro Lobato, Carlos Drummond de Andrade, José de Alencar, Vinícius de Moraes....mas confesso que ao final de cada leitura desses livros, cada trabalho realizado com estes autores se transformavam em contos de horror, pois durante os três anos de curso se preenchia a mesma ficha de leitura. Quanta falta de criatividade diante de um ambiente novo que a professora nos fez descobrir. Em seguida fiz pedagogia e especialização em práticas pedagógicas multidisciplinares e gestão escolar. Período este, em que prevaleceu Vigotsky, Paulo Freire, Maquiavel, Rubem Alves, Platão, Aristóteles, Madalena Freire e muitos outros que contribuíram para que ficasse mais e mais interessada nos assuntos que tem relação com o dia a dia profissional.
Mas de todos esses relatos, o que marcou foi a descoberta da biblioteca. Aquele salão suntuoso e silencioso que nos dia de hoje frequento e tenho encontros com Sidney Sheldon, Jorge Amado, Milan Kundera, Juliette Benzoni, Irwing Wallace, Richard Bach, Régine Deforges, Margaret Mitchell, Marion Z. Bradley, Ziraldo......e que continuam me proporcionando aquela sensação de “E viveram felizes para sempre” como nos contos de fadas e princesas de minha infância.

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